O mais normal é que se chegue a um determinado momento da vida e surja a dúvida: Comprar casa ou arrendar casa? A resposta não é universal e depende da situação pessoal, familiar, profissional e financeira de cada um. Para ajudar nesta tomada de decisão de ser proprietário ou inquilino – que pode condicionar a vida a vários níveis – apresentamos um conjunto de fatores e variáveis que devem ser tidas em conta.

É comum ouvir-se dizer que comprar casa é sinónimo de assinar uma sentença financeira. Mas não será uma maior sentença financeira comprometer os rendimentos mensais para pagar uma renda elevada numa casa que nunca será sua? É verdade que o crédito habitação implica um compromisso por um prazo alargado, mas não será também uma forma de segurança e de estabilidade?
Os mitos são vários e espalham-se das mais variadas formas: os solteiros não conseguem ter acesso ao crédito habitação, comprar casa é só ficar preso a compromissos, e ainda que o arrendamento é a solução perfeita para quem avança sozinho. Mas qual o fundamento para cada uma das afirmações? Afinal, o que precisamos de considerar na compra de casa e que nem sempre sabemos? E sobretudo quando queremos comparar essa condição com a de arrendamento?

Questões profissionais

Ao contrário da situação de arrendamento, em que o fundamental é que se tenha emprego e se receba um ordenado, para comprar é fundamental a resposta a três questões:

  • Estás há mais de 3 anos no teu trabalho atual?
  • Já estás efetivo na empresa?
  • Tens uma fonte de rendimentos estável?

Se a resposta é sim em todas as perguntas, está no bom caminho para conseguir o crédito habitação e avançar para a compra de casa. Mas não ficamos por aqui: há mais alguns pontos que deve ter em atenção e é fundamental que não tenha dívidas no Banco de Portugal.

Despesas iniciais e taxas associadas

Aqui, não existindo uma resposta certa, porque cada caso é um caso, é fácil apercebermo-nos de importantes diferenças: se no caso do arrendamento as contas são simples e os custos iniciais resumem-se geralmente às habituais duas rendas a pagar, no caso do empréstimo para comprar casa é necessário pagar uma entrada com recursos próprios.
Mas, a grande diferença, é que no caso de comprar casa com recurso a crédito habitação, o valor que está a pagar é por uma propriedade que é sua, o que não acontece no arrendamento.

Comprar ou arrendar casa

Por isso, se tem uma situação financeira estável então esta pode ser uma solução muito mais vantajosa, sendo preciso, no entanto, dispor de pelo menos 10% do valor do imóvel para dar de entrada. Mas se puder avançar com 20% a 30% do valor do imóvel de entrada, melhor. Transmitirá uma mensagem de confiança à entidade financeira, e permitirá que a prestação mensal seja mais confortável, o que resultará numa taxa de esforço menos significativa (devendo estar abaixo dos 40%, sendo que idealmente não deverá exceder os 35%).

Taxas fixa, mista ou variável?

Depende daquilo que for mais importante para si:
Se privilegiar a segurança, a taxa fixa é a solução ideal para si, porque vai garantir que paga a mesma prestação do início ao final do empréstimo.
Mas se isso não for o mais importante, e não se importar de em alguns momentos pagar mais de prestação e noutros pagar menos, a taxa variável pode ser uma opção a considerar. Neste tipo de taxa o seu empréstimo é associado a um indexante, que em Portugal é geralmente a Euribor, o que faz com que o valor da prestação vá acompanhando as flutuações desse indexante, que depende em muito do clima económico e da política do Banco Central.
Se preferir uma solução de meio termo, pode optar por uma taxa mista, que permitirá conciliar um período de taxa fixa, com outro de taxa variável. O fundamental é que entenda o que cada taxa significa e que percebas qual a mais adequada às suas prioridades e capacidade financeira.

Muito mais que o spread

O spread, contrariamente ao que a maioria das pessoas pensa, é apenas um dos custos do crédito habitação: por não perceberem isso, muitas pessoas acham que ao ter um spread mais baixo vão pagar menos pelo crédito, o que não é necessariamente verdade. Por isso, para comparar diferentes propostas e escolher a mais vantajosa é importante olhar para lá do spread e ter em conta indicadores que representam a totalidade dos custos do crédito habitação, como o MTIC (Montante Total Imputado ao Consumidor) e a TAEG (Taxa Anual Efetiva Global) .

A importância de um consultor imobiliário

Por isso, ao decidir arrendar ou comprar, olhe para além do spread e despesas iniciais. Fazer simulações, testar diferentes cenários, compara os custos que terá com cada uma das opções e calcular qual a melhor solução a longo prazo. É fundamental compreender qual o perfil de consumo, e com a ajuda da ORIGIN, saber bem com que variáveis contar no cenário pelo qual optar. Nem sempre a resposta é assim tão clara e o importante é que veja qual pode ser a melhor solução a longo prazo, pondo em cima da mesa todos os indicadores que, de facto, permitem avaliar quanto vais pagar no final pelo crédito habitação vs renda mensal.
Chegar à solução final nem sempre é fácil, mas o importante é que nenhuma variável essencial fique de fora, naquele que é um dos maiores investimentos no futuro: a habitação.