Em 2020, a maturidade média dos novos contratos de crédito habitação era de 33,2 anos. Objetivo passa por reduzir este prazo.
Os bancos devem cumprir, até final deste ano, a recomendação do Banco de Portugal (BdP) de os novos créditos habitação terem em média o prazo máximo de 30 anos, sendo que a maturidade média era em 2020 de 33,2 anos. Esta recomendação do BdP já vem desde 2018, quando o regulador e supervisor bancário criou restrições à concessão de novos créditos.
Entre as medidas criadas foram estabelecidos limites à taxa de esforço (famílias apenas podem gastar metade do seu rendimento com empréstimos bancários), limites ao valor do crédito face ao imóvel dado em garantia (o rácio deve ter um limite de 90% em créditos para habitação própria e permanente) ou limites à maturidade dos empréstimos (recomenda o máximo de 40 anos como duração de novos contratos de crédito habitação e crédito com garantia hipotecária).
O supervisor e regulador bancário justificou que o objetivo é os bancos não assumirem riscos excessivos nos novos créditos e que os clientes tenham capacidade de pagar as dívidas.
Objetivo é recuar a maturidade
Nos créditos habitação, o BdP recomendou ainda que “a maturidade média do conjunto de novos contratos deve convergir, de forma gradual, para 30 anos até final de 2022”.
Segundo o BdP, entende-se por convergência gradual “uma redução anual, tendencialmente linear, do diferencial observado entre a maturidade média dos novos empréstimos de 30 anos”, para que seja evitada uma “redução abrupta da maturidade” dos créditos habitação, créditos com garantia hipotecária ou equivalentes.
Desde 2018, o BdP tem feito relatórios de acompanhamento da execução destas medidas, devendo o próximo sair no primeiro semestre deste ano.
Em Portugal a maturidade é superior à média da UE
O banco central diz que, em Portugal, a maturidade média de novas operações de crédito habitação é superior ao registado nos países europeus para os quais esta informação está disponível.
“Apesar de se observar um aumento da maturidade média do crédito habitação em outros países da União Europeia entre 2018 e 2019, Portugal continua a destacar-se por ter uma maturidade média das novas operações de crédito habitação superior a 30 anos enquanto a generalidade dos restantes países tem uma maturidade média entre 20 e 25 anos”, lê-se no relatório.
Segundo o BdP, maturidade média elevada “implica um risco acrescido para as instituições”, pois ficarão mais expostas a “flutuações do ciclo económico e financeiro durante um período mais longo” e ainda “diminuem a flexibilidade de reestruturação de créditos para mutuários em dificuldades financeiras”.
Novo crédito habitação em alta
Segundo dados hoje divulgados pelo BdP, os bancos emprestaram, em novembro passado, 2.061 milhões de euros aos particulares, o maior montante mensal de 2021. Para crédito habitação, os bancos emprestaram 1.353 milhões de euros, mais 7% que em outubro e mais 22% que em novembro de 2020.
O montante emprestado em novembro para compra de casa só foi superado pelo emprestado nos meses de julho (1.385 milhões de euros) e março (1.382 milhões de euros).
Entre janeiro e novembro foram emprestados no total 13.773 milhões de euros para crédito habitação, mais 35% que no mesmo período de 2020.